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26 de ago. de 2011

O CHAMADO



Era noite de Lua cheia, e tinha sido orientado que não saísse dos meus aposentos, nem tão pouco do mosteiro que estava hospedado, porque aquelas terras a noite, eram freqüentadas por feras, pensavam em minha segurança.
Mas ouvi o chamado, sentia que chamavam-me incessantemente, e sabia quem era.
Tentei resistir, teria de cumprir as ordens a mim emanadas.
Mas aquela voz, teimava em manter-se em minha cabeça, era ela... tinha certeza disso, conheci-a em um final de tarde, entre as ruínas de um castelo, um ser encantador, mas algo nela era misterioso, como se houvesse um segredo, que jamais pudesse ser desvendado, mas mesmo assim acabei encantado por aquela, que nem ao menos sei quem é, Sua voz entrava em minha mente, como se fosse uma sereia chamando as embarcações em sua direção.Peguei meu crucifixo, tentei rezar mas aquela voz parecia se tornar ainda mais forte. Me chamava, senti um arrepio em minha nuca, meus aposentos ficavam no terceiro andar, de repente a janela se abre e a vela do castiçal se apaga, uma sombra da noite entra em meus aposentos, de repente vi seus olhos vermelhos, como o sangue, e aquela voz novamente em minha mente...”Venha... espero-te”
Já era noite alta, e não consegui dormir, aquela voz ainda estava em minha mente, torturando-,me, chamando-me... quando decidi deixar o mosteiro e seguir o chamado.
Sai sorrateiramente, não desejava ser visto, a única coisa que quebrava o silencio era aquela voz, e o uivo dos seres da noite. Parecia enfeitiçado, não conseguia resistir a ela.
Ao sair do Mosteiro, selei meu destino, sei que não haveria mais volta, não pra mim.
Segui em frente, atento a todos os movimentos a minha volta, iluminando meu caminho, apenas a Lua, e naquela noite ela estava encantadoramente linda. Sentia-me observado a cada passo, logo cheguei a uma clareira, era linda, sentei-me sobre a pedra, tentando acalmar meu coração.
Quando de repente, um bando de lobos me cercam, fico sem reação... não tinha armas pra me defender, apavorei-me por um instante, quando finalmente ela, chega, automaticamente eles se acalmam e deitam ao um sinal dela.
- Boa noite... – disse ela.
Fiquei mudo perante a presença dela, estava linda, sua pele branca, sob o luar... fazia-me desejá-la ainda mais.
- Não tenha medo, só quero conversar... nada mais.
Ela aproximou-se de mim.... podia sentir seu olhar sobre mim, e decidi falar.
- Escutei o seu chamado.... o que deseja?
- Apenas conversar... já disse, nada mais.
Sua voz era doce, sedutora, é como se ela penetrasse em mim, mesmo sem eu desejar.
Ela observava-me, quem seria ela? Um anjo... um demônio....
- Não sou nada disso....nem anjo.... nem tão pouco demônio.. posso te garantir. – disse ela dando um sorriso.
Senti o coração gelar, ela estava a ler meus pensamentos, agora era tarde demais pra recuar, estava longe demais do mosteiro para que ouvissem meu chamado de socorro, e certamente morreria antes que pudessem me ajudar, tentei me acalmar.
Ela aproximou-se ainda mais de mim, então decidi questioná-la.
- Quem é você? E o que deseja de mim?
- Uma resposta, sou Emini Drakon, dona dessas terras...e de tudo que nela está! E vim até você para saber o que deseja!
- Não sei porque estou aqui, mas isso é mais forte que minha fé....e nem que creio.

- Sua fé... de nada adianta aqui... devia saber disso, aqui nem sempre as coisas são o que parecem ser.
Nesse momento ela se aproxima dele, e o crucifixo que ele levava no pescoço se desfez, derreteu apenas com um olhar dela.
Ela aproximou-se dele, estava ainda mais sedenta daquele sangue, mas algo a impedia... no fundo não desejava feri-lo.. e nem  ao menos sabia o porque, ele era a caça perfeita... por um instante pensou em deixá-lo e disse:
- Vá embora.. volte para o mosteiro onde é seu lugar, estará seguro lá.
- Não ! Desejo saber quem és... antes de partir.
- Melhor não saber, acredite nisso... para sua própria segurança, eu não existo, nem nunca existi...
- Existe sim.... a tempos sonho com você, e desejo saber quem é... sinto você em mim... por que?
Nesse momento ela mostrou suas presas.... e ele deu um passo pra trás... não esperava tal atitude.
- Sou assim... uma vampira... sobrevivo do sangue dos vivos... satisfeito agora? Sente-me porque estou e sua mente... controlando você.... cada passo... cada pensamento...então vá... enquanto pode... se encontrá-lo novamente não o deixarei partir.
- E quem disse que pretendo partir? – disse ele.
- Devia... sabe disso...
- Sei... mas algo nos une... e quero descobrir o que... – ele aproximou-se dela e  pegou sua mão, pôde sentir tua pele fria.
- Cuidado!
Ele não disse nada... apenas beijou-lhe, um beijo terno, calmo, ela afastou-se dele quase que por instinto.
- Sei o que deseja... meu sangue... e ele é seu se assim desejar... sabe disso!
Ela baixou a cabeça... jamais havia encontrado alguém como ele, com um coração tão puro, estava acostumada com humanos, mas jamais um assim.
- Não vai me machucar... confio em você....
- Mataria você.... você me oferece  a vida... e eu te daria a morte....
- Morreria por você... sabe disso.... estou encantado com você.
- Nossa... não posso faze isso... sabe bem disso... não conseguiria parar.
- Confio em você... venha...
Ela aproximou-se mais uma vez, abraçou-me e sussurrou em meus ouvidos “perdoa-me”, nesse momento senti suas presas cravarem em minha carne quente,  a dor era incrivelmente insuportável, por um segundo senti-me perder os sentidos, quando sinto suas lagrimas em minhas costas..., pude sentir toda a dor daquela alma decadente.
Não me lembro de mais nada... apenas que despertei em meus aposentos no mosteiro, com aquelas marcas em meu corpo...e de alguma maneira com ela gravada eternamente dentro de mim, e é assim toda noite, espero novamente o chamado daquela que ocupa meu coração.

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